Quem sou eu

Minha foto
A engraçada, a psicóloga das amigas virtuais, a mãe do Vitor, esposa do Rogério, a recepcionista em fúria, a que sente dó dos cachorros e gatos de rua.

domingo, 18 de julho de 2010

A DESPEDIDA DO AMOR





Martha Medeiros

Existem duas dores de amor:

A primeira é quando a relação termina e a gente, seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro, com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva, já que ainda estamos tão embrulhados na dor que não conseguimos ver luz no fim do túnel.

A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel.

A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços, a dor de virar desimportante para o ser amado. Mas, quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida: a dor de abandonar o amor que sentíamos. A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre, sem sentimento especial por aquela pessoa. Dói também...

Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou. Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém. É que, sem se darem conta, não querem se desprender. Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir, lembrança de uma época bonita que foi vivida... Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à qual a gente se apega. Faz parte de nós. Queremos, lógicamente, voltar a ser alegres e disponíveis, mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo, que de certa maneira entranhou-se na gente, e que só com muito esforço é possível alforriar.

É uma dor mais amena, quase imperceptível. Talvez, por isso, costuma durar mais do que a "dor-de-cotovelo" propriamente dita. É uma dor que nos confunde. Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. A pessoa que nos deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos, que nos colocava dentro das estatísticas: "Eu amo, logo existo".

Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente...

E só então a gente poderá amar, de novo.



2 comentários:

  1. A dor do amor, dói mesmo...no começo, no fim e no meio, tem até aquele apertinho gostoso no peito, chegamos a suspirar... de quando estamos amando e somos correspondidos, amor é assim...chega e nos deixa doentes, mas passa quando o tempo de amar termina, o unico amor que nunca deveria passar é o amor próprio.já parou para pensar...quantas pessoas ja amamos pela vida, nos doamos tanto...será que nos dedicamos tantas vezes assim a nós mesmos?

    ResponderExcluir
  2. É um caso de se pensar, muitas vezes passamos mais tempo amando do que nos amando.

    ResponderExcluir